20.000 LÉGUAS SUBMARINAS EM VERSOS - PARTE II

Imagem Gerada por I.A PicLumen - Nautilus com um design steampunk
Na noite do terceiro dia.
No nevoeiro Ned estava olhando.
Uma frase sua causou histeria.
“Eis o que estamos procurando”.
Não sei como Ned pode ver.
Através de nevoeiro denso.
Era até difícil de crer.
Lutaríamos com o narval imenso.
O barco preparou-se para combate.
Dirigindo-se para o temível animal.
A tripulação ansiosa pelo embate.
Destruir o monstruoso narval.
Iniciou-se a O animal tinha uma rapidez fantástica.
Então Farragut, tomou a decisão. Quis usar maneira mais prática.
Deu ordens para atirar.
Contra aquele ente temerário.
Difícil mesmo era acertar.
Pois se movia como um raio.
Um velho artilheiro.
Barba grisalha, olhar penetrante.
Disparou um tiro certeiro.
A bala ricocheteou e explodiu adiante.
O artilheiro falou com embaraço.
Depois do tiro disparado.
“Ele tem uma carapaça de aço”.
"Este monstro parece blindado”.
A perseguição durou noite e dia.
E não se conseguia alcançar.
Causando a todos agonia.
Pelo monstro não capturar.
Durante esta infeliz perseguição.
Em que o barco caçador se viu caçado.
O monstro passou sob a embarcação.
E apareceu luminoso do outro lado.
Vendo aquele objeto brilhante.
Passar por baixo da fragata a vapor.
Farragut me falou, temeroso.
“É a criatura mais temível saída da mão do Criador”.
Quando achou que ele desaparecia.
A fragata novamente o encontrou.
Todos estavam apreensivos, se via.
Ned Land com arpão se posicionou.
Quando chegou bem perto.
Arremessou enfim seu arpão. O arremesso foi no lugar certo.
Mas foi terrível a reação.
Uma tromba-d’água a varreu.
A Abraham Lincoln ficou danificada.
Caí no mar e Conselho me socorreu.
Mas não podíamos fazer mais nada.
Não havia sinal do navio.
Pusemo-nos a nadar.
Sentia cansaço e muito frio.
Conselho precisou me ajudar.
Nadamos durante a noite escura.
Já não aguentava mais nadar.
Não era boa a situação àquela altura.
Quando nos pareceu uma voz escutar.
Aquilo seria inverossímil.
Mas também gritamos em resposta.
Novamente a voz foi audível.
Nadar até lá era a proposta.
Fomos a nado até o local.
Quando me choquei com objeto duro.
Fui retirado do mar afinal.
Não enxerguei quem era no escuro.
Era Ned Land, o arpoador.
“Indo meu prêmio buscar”.
“Tive mais sorte que o senhor”.
“Pois nesta ilha flutuante vim parar”.
Dividimos os três, aquele espaço.
Seria obra da providência divina?
Disse Ned: "Seu narval é feito de aço".
"O monstro é uma nau submarina".
No dorso do monstro me encontrava.
Só que da mão humana saiu esta criação.
Até ali ainda não acreditava.
Estava sobre submarina embarcação.
Um monstro da era teratológica.
Já causaria ao mundo espanto.
Um submarino ia além da lógica.
Da mão humana não esperava tanto.
O barco começou a navegar.
Em velocidade difícil de manter.
Temi que pudesse afundar.
E com isso iriamos todos perecer.
A uma argola nos agarramos.
Presa ao barco em uma saliência.
Ali firme nos seguramos.
Aguardando com paciência.
Em grande velocidade seguiu.
Causando-nos preocupação.
E se aquele estranho navio.
Resolvesse navegar em submersão?
Batemos nas chapas de aço.
O barco cessou o movimento.
Oito homens acelerando o passo.
Levaram-nos sem nosso consentimento.
Já dentro da embarcação.
Por aqueles homens levados.
Fomos deixados em um grande salão.
Por muito tempo aprisionados.
Dois homens nos visitaram enfim.
Narramos o fato acontecido.
Em inglês, francês, alemão e latim.
Não pareceu ter-nos entendido.
Um deles eu logo via.
Era do barco o capitão.
Homem forte, figura esguia.
Tive por ele grande admiração.
Após fazermos a narração.
Conversaram em dialeto incompreensível.
Deixando-nos abandonados no salão.
Estávamos em situação terrível.
Pelos dois homens fomos deixados.
Um taifeiro entrou logo a seguir.
Trazendo pratos requintados.
Em bandejas de prata a nos servir.
Cada objeto, cada talher.
“Mobiles in mobile” tinha gravado.
Canecas, facas, garfo e colher.
Com um N no meio entalhado.
Traduzindo aquela inscrição:
“Móvel no elemento movente”.
Ao barco, dava perfeita definição.
Pois navegava em aquoso ambiente.
O “N” deveria significar.
O nome daquela figura enigmática.
Enquanto comia, comecei a pensar.
Naquela aventura fantástica.
Também roupas foram trazidas.
Apressamos a nos vestir.
Afinal para pessoas despidas.
Qualquer roupa deveria servir.
Depois de fazermos a refeição.
Dormir era necessidade premente.
Após comer, natural esta reação.
Logo, dormíamos profundamente.
Por corrente de ar refrescante.
Fui do sono acordado.
Respirei aquele ar vivificante.
Sentia-me revigorado.
Logo acordaram meus amigos.
Avaliei a nossa situação.
Após passar por perigos.
Fiz a eles uma ponderação.
Se quiserem manter o segredo.
Temo pela nossa existência.
Do contrário, tarde ou cedo.
Liberdade será questão de paciência.
No canadense era visível.
Inconformismo era notado.
Qualquer reação era temível.
Isso me deixava preocupado.
Deveríamos esperar.
Desenrolar dos acontecimentos.
Depois iriamos pensar.
Pois nada acontecera até o momento.
Fomos abandonados na cela.
Desvanecia minha esperança.
Situação desesperadora aquela.
Aos poucos perdia a confiança.
Depois de muito tempo passado. Sumiu por aquele homem a admiração.
Considerava-o um malvado.
Que nos deixaria morrer por inanição.
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Nota de rodapé: Roberto Dias Alvares é um escritor e colunista de Apucarana, Paraná, que atua na área comercial da indústria farmacêutica. Graduado em Educação Física e pós-graduado em Marketing e Recursos Humanos, Alvares contribui como colunista para o site Os Argonautas, além de escrever no Blog do Caminhoneiro. Autor das obras Aventuras de um Carreteiro e Outras Histórias e Aventuras de um Carreteiro pela América, ele se dedica a contar histórias inspiradas no cotidiano dos caminhoneiros. Alvares também nos presenteou com o trabalho de adaptar os clássicos 20.000 Léguas Submarinas e A Ilha Misteriosa, de Jules Verne, para uma linguagem em versos rimados, oferecendo uma releitura fantástica em rima e prosa.
Vinte Mil Léguas Submarinas em Versos - Autor: Júlio Verne / Adaptação em versos: Roberto Dias Alvares Parte II
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