top of page

PARDO OU PRETO?


O Mulato Cãndido Portinari

Essa semana, meu filho fez uma pergunta para sua Professora, segundo ele, em sua apostila havia um grupo de crianças e no meio destas havia uma jovem mulata. Então ele perguntou: “Professora qual a cor dessa criança? “A Professora sem dúvida respondeu: “Pardo”. Ao chegar em casa ele faz uma pergunta semelhante: “Pai, você é Preto ou Pardo?” Respondi: “Preto e expliquei que a cor “pardo”, não existe e foi criada para explicar o fenótipo de pessoas que nascem do amor entre culturas diferentes”. Segundo o IBGE “Pardo” compõe os grupos de "cor ou raça" que caracterizam a população brasileira. Para esclarecer a etimologia do termo, o site Cultura Brasil, nos apresenta a origem do substantivo “Pardo” que foi usado pela primeira vez na Carta do escrivão Pero Vaz de Caminha que redigiu para o rei D. Manuel I (1469-1521) para comunicar-lhe o descobrimento das novas terras. Em Porto Seguro, no dia 1 de maio de 1500, e foi levada a Portugal por Gaspar de Lemos, comandante do navio de mantimentos da frota. Caminha, faz um relato sobre os primeiros brasileiros no qual concluímos a origem do substantivo: “Pardos, nus, sem coisa alguma que lhes cobrisse suas vergonhas. Traziam arcos nas mãos, e suas setas. Vinham todos rijamente em direção ao batel”. Podemos deduzir que o termo segundo a citação, está mais conectado aos indígenas do que aos negros.

O Brasil é fruto desta miscigenação, sendo o mulato descendentes de brancos e negros, o caboclo é descendentes de brancos e índios, o cafuzo descendentes de negros e indígenas. E eu? O que sou? Quem são meus ancestrais?

Não tenho dúvidas! Sou Negro, filho de negros, bisneto de homens livres que foram escravizados!

Para concluir este post segue o poema de Genivaldo Pereira dos Santos.

SOU NEGRO PORQUE ENCARO MINHAS ORIGENS

Não precisa ter cor, nem raça, nem etnia. É preciso amar É preciso respeitar Não sou negro porque minha pele é negra Não sou negro porque tenho cabelo embolado de “pixain” Não sou negro porque danço a capoeira Não sou negro porque vivo África Não sou negro porque canto reggae. No sou negro porque tenho o candomblé como minha religião Não sou negro porque tenho Zumbi como um dos mártires da nossa raça. Não sou negro porque grito por liberdade Não sou negro porque declamo Navio Negreiro Não sou negro porque gosto das músicas de Edson Gomes, Margareth Menezes ou Cidade Negra. Não sou negro porque venho do gueto. Não sou negro porque defendo as ideias e Nelson Mandela Não sou negro porque conheço os rituais afro. Sou negro porque sou filho da natureza Tenho o direito de ser livre. Sou negro porque sei encarar e reconhecer as minhas origens. Sou negro porque sou cidadão. Porque sou gente. Sou negro porque sou lágrimas Sou negro porque sou água e pedra. Sou negro porque amo e sou amado Sou negro porque sou palco, mas também sou plateia. Sou negro porque meu coração se aperta Desperta, Deseja, Peleja por liberdade. Sou negro na igualdade do ser Para o bem à nossa nação. Porque acredito no valor de ser livre Porque acredito na força do meu sangue numa canção que jamais será calada. Sou negro porque a minha energia vem do meu coração. E a minha alma jamais se entrega não. Sou negro porque a noite sempre virá antecedendo o alvorecer de um novo dia. Acreditando num povo afro-descendente que ACORDA, LEVANTA E LUTA.

Genivaldo Pereira dos Santos.

Floresta Azul - BA.

Tags:

bottom of page