top of page

A História do Guardião “Said Soruoc”.


A história do guardião “Said Soruoc” é muito bonita, diz a lenda que ele saiu para caçar, ao retornar com um grupos de guerreiros perceberem que a floresta estava muito quieta, não se ouvia o canto dos pássaros, os insetos tinham desaparecidos, os peixes sumiram dos rios, o vento não percorria entre as árvores e não havia mais vida na floresta.


Para o guerreiro “Soruoc”, era muito estranho aquela situação, porém ao perceberem a ausência de vida, e uma escuridão que tomava conta da floresta, não pensaram duas vezes, acenderam o “Fogo Sagrado” com as pedras mágicas.


E começaram a dança em volta da fogueira, na medida que dançavam, o fogo aumentava e a escuridão diminua, percebendo esse fenômeno aumentaram o ritmo da dança até se transformar em uma corrida, então começaram a correr, correr em volta da fogueira, como um passe de mágica, uma voz saiu do fogo e disse para o então guerreiro “Soruoc” seus pés serão vermelhos para sempre, serás veloz, ninguém te alcançará, dominarás o fogo mágico, serás imortal, e em troca deste poder, serás o guardião da floresta, dos animais, da água, das terras e dos Apukás, protegerá a região com sua vida, se alimentarás de frutas, raízes, de mel, beberás somente água das bromélias purificas pela natureza, não verás mais sua mulher e seus curumins.


Aceito isso, ele desapareceu e também nunca mais houve escuridão na floresta, os animais retornaram, os peixes eram abundantes, os pássaros mais lindos e exóticos habitavam na floresta dos Apukás, a vida, a felicidade e equilíbrio ecológico voltou para a floresta.


Eles estavam tranquilos pois eram a tribo com os guerreiros mais fortes, com as mais belas nativas, habitavam a floresta abençoada pela mãe terra, mãe água, pai sol e mãe lua.


Não podemos esquecer que os Apukás estavam presos aos “Oãs Oluap” e o clima de paz dava uma sensação de eternidade e a felicidade era visível nos belos rostos dos Apukás.


Mas essa felicidade não duraria muito, sabiam os anciões.


No dia vigésimo oitavo dia do primeiro mês do calendário dos Apukás, na quadragésima quarta lua nova, a paz foi interrompida, ouve grande alvoroço na floresta, um círculo de fogo se fez ao redor da mata, era o guardião “Soruoc” fazendo seu papel, protegendo a comunidade dos Apukás.


Diz a lenda que “Said Soruoc” correu tanto, que os “Oãs Oluap”, mal podiam entrar na floresta, disseram que eles queriam roubar as mulheres, as crianças e escravizar os Apukás em troca da magia da escuridão.


Sabendo disso, o guardião correu por sete luas em volta de aldeia para salvar os Apukás dos invasores, eles foram expulsos naturalmente, não houve combate, nenhuma lança foi usada, as zarabatanas ficaram recolhidas, os tacapes descansando ao chão.


Os “Oãs Oluap” precisavam de comida e água, a floresta era um santuário onde havia comida abundante, mas os senhores dos Apukás não conseguiam entrar por causa de fogo sagrado que protegia toda a região, o fogo era mágico não queimou um planta e tão pouco os animais, queimava somente os silvícolas invasores.


Esse acontecimento é comemorado por todos os Apukás, é o grande feito para se lembrar no vigésimo oitavo dia, do primeiro mês do calendário Apuká na lua nova.


Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.

bottom of page