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A Corrida Sagrada dos Apukás.


No primeiro mês do calendário dos Apukás, exatamente em janeiro do nosso calendário cristão gregoriano, eles fazem uma celebração muito especial, que relembra o tempo que estavam sob dominação dos “Oãs Oluap” uma tribo guerreira no qual originou a cultura dos Apukás.


O dia é sagrado, onde os filhos de “Said Soruoc” o guardião de todos, e os Apukás celebram a vida, a vitória e a luz.


A festa é muito bonita, onde eles celebram a sua autonomia em relação aos “Oãs Oluap”, não podemos esquecer que é um dia sagrado, onde todos correm,cantam, dançam, bebem, comem e rezam.


Os sagrados “Mágicos do Fogo” festejam com seus pupilos e queimam centenas de quilos de carnes que trocam por dadivas aos suplicantes, os “Sagrados Homens da Boca”, cessam suas atividades em seus templos, a maioria dos “Médicos Feiticeiros” ficam em seus lares praticando o ócio, e todos da comunidade celebram essa data com rituais sagrados particulares e públicos.


As crianças se dedicam a fazer seus rituais em tanques de águas azuis ao sol, saltitando e gritando por toda tribo e saboreando comidas exóticas, as mulheres se deitam em esteiras e passam um líquido escuro ou claro em suas peles para ficarem dourados como o deus sol, meditam sobre a vida, a beleza e não param de reclamar dos guerreiros Apukás.


Os nativos masculinos nada fazem, exceto comer, comer e comer. Fogueiras são acesas em toda tribo, os jovens dançam, os idosos fazem comidas para seus familiares, os animais são sacrificados em trocas de dadivas e todos tomam banho em forma de celebração.


O auge desta comemoração é uma corrida, no qual muitos Apukás participam em comemoração à libertação do seu povo.


A corrida tem uma simbologia interessante, começa às 07h00, e sempre acontece no vigésimo oitavo dia do primeiro mês do calendário dos Apukás na lua nova.


O ponto de partida é aos pés da grande cerejeira, próximo ao templo dos guerreiros amarelos, corre-se fora da aldeia em direção sul, se estende ao longo da floresta pelo caminho sagrado as margens do lago “Tiubaj”, seguem em direção ao contorno na extremidade sul, se aproximam da grande área das pedras cinzas, passam próximo a oca do “Onak Oluap” o grande guerreiro, cruzam pelas mangueiras do “Aierroc”, descem sentido norte, ao encontro dos dois caminhos, seguem pelo caminho do templo dos “Homens Sagrados do Fogo” o “Resom”, correm por horas até o centro da aldeia dos Apukás.


Nesta corrida eles não medem esforços, correm por sete luas, até os pés ficarem vermelhos, usam um pedaço de couro no qual protegia suas partes intimas contra o fogo mágico em memória ao sacrifício e vitória dos Apukás sobre a escuridão.


Não podemos esquecer que o percurso é muito perigoso, mas eles não veem esses perigos pois são protegidos por “Said Soruoc” o deus da corrida, o veloz, aquele que caminha com todos.


Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.


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