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A Educação e os Capitães do Mato.


Em tempo de dificuldade política nos deparamos com a luta de classe, que nada mais é, a luta dos detentores do poder contra os desprovidos de poder formal.


Esse tipo de luta é normal, ou melhor, é necessária para que haja um equilíbrio entre as forças sociais e as dinâmicas do poder.


O mais intrigante neste conflito, é a alienação de sujeitos que não tem a noção da importância de seu papel social, como sujeito que possa garantir o equilíbrio das forças nesta dinâmica de poder. Então? Quem são esses sujeitos?


A resposta é simples: são aqueles colegas de trabalho que tem a responsabilidade civil e moral de mediar os interesses do governo, da comunidade escolar e dos trabalhadores da educação diante dos conflitos.


Sabemos que não é uma tarefa fácil, ainda quando não se propõe a colocar em prática a ideia de gestão democrática!


Neste contexto, algumas escolas estão sendo geridas por verdadeiros “Capitães do Mato”, aquela figura lendária do período da escravidão.


A associação a figura do capitão do mato demonstra a fragilidade de gestão destes sujeitos, pois geralmente são trabalhadores, que precisam de políticas públicas para terem dignidade, porém suas posturas estão voltadas em favor dos interesses patrimoniais dos seus senhores.


São homens e mulheres livres, dotados de inteligência, que possuem pensamentos de escravos libertos, que se prontificam a participar da repressão institucionalizada contra seus colegas de trabalho, ou são porta vozes de recados institucionais opressores, tais gestores ou capitães do mato são agentes sociais ambivalentes, cuja presença é notada, suportada ou utilizada pelas autoridades, conforme a configuração dos interesses, dos poderes ou das necessidades de seus senhores e algozes.


Os capitães do mato, tem a doce ilusão de dignidade e respeito, mas, no fundo são tolerados, suportados e bajulados por terem a prerrogativa do cargo, tal prerrogativa os iludem de prestígio social e eficiência administrativa.


O assustador é que, tais capitães do mato tem a árdua e difícil responsabilidade de fazer uma leitura um pouco mais ampla sobre as demandas da educação e dos interesses do governo, mas, infelizmente não fazem essa leitura por diversos fatores, entre eles ausência de solidariedade e senso de coletividade.


Essa leitura ampla, é sugerida para que as ações destes sujeitos possam permear o bom senso, o respeito aos interesses da comunidade escolar. Porém, infelizmente não é o que temos percebido e acompanhado nestes dias difíceis para a educação.


Alguns dos colegas que estão provisoriamente como gestores do espaço público, estão transformando este sagrado espaço em feudo, ou melhor, em espaços privados, onde os interesses pessoais, a proteção aos amigos do rei, e os interesses do governo, estão acima da nobre missão de educar.


Isso é tão verdadeiro, que percebemos em suas retóricas, em suas ações e em suas gestões com ausência de diálogos, transparência e dignidade.


Por parte destes capitães do mato é muito comum, ouvimos as expressões: “na minha escola”, “no meu colégio” “os meus professores”, “os meus funcionários”, “lá professor não tem vez” ou a mais cruel das expressões anti- democráticas: “quem manda lá sou Eu”.


Que triste ouvir essas expressões, ou saber que são proferidas por colegas de trabalho que tem as mesmas necessidades que nós, que depende de políticas públicas de cargos e salários, que tem a responsabilidade de conduzir a comunidade escolar a excelência e dignidade humana.


Na realidade, tais expressões deveriam sem usadas na terceira pessoa como por exemplo: “em nossa escola”, “em nosso colégio”, “nossos colegas” “ ou a mais celebre expressão da gestão democrática: “lá quem toma ás decisões, é o coletivo”!


Tais sujeitos não conseguem perceber, que sua passagem com gestor, é efêmera, passageira e em pouco tempo estará sem essas responsabilidades administrativas ou os holofotes do cargo.


Já vi esse filme, onde gestores algozes ou capitães do mato, não passam de um mero brinquedo descartável na mão de governos e políticos sem vínculo com a educação ou com a dignidade humana.


Nos últimos anos temos observado, que diversos colegas perderam a noção por que estão no cargo, perderam as referências de suas funções, esqueceram dos valores reais e os motivos que estão no cargo.


Infelizmente tais colegas esqueceram que foram escolhidos pela comunidade escolar para gerenciar conflitos e interesses no recinto escolar, bem como fazer o equilíbrio destas dinâmicas.


Esqueceram que o espaço escolar é público, e que ele tem o dever de equilibrar e manter essa prerrogativa a todo custo.


Quero deixar claro, que tais críticas é para informar os gestores das escolas que não devem ser radicais em suas posturas, não devem ser maniqueístas, mas devem usar os parâmetros da gestão democrática e serem ponderados, abertos ao diálogo, ao respeito e a simplicidade.


Não podemos esquecer tais atitudes estão sendo observadas por todos, que suas ações egoístas e suas mesquinharias está ofuscando o seu brilho pessoal, sua nobreza de espirito e o belo trabalho que realizou como Professor ou Professora regente.


Algumas escolas se transformaram em espaços tóxicos, espaços de medo, espaços de delação, de incompreensão, de insinuações, de injustiça e intolerância. E o mais triste, tudo isso fomentado por algozes da educação.


O questionar em algumas escolas é tido como crime ou ameaça. O indivíduo de bem deve se submeter, sem questionar à autoridade estatal ou pedagógica; e que quem questiona não é de boa índole, e suas ações são premeditadas, com fins políticos e doutrinário que induzem aos educandos a se opor contra qualquer instituição democrática.


O medo ganhou o espaço da esperança, a arrogância da simplicidade, as câmeras para vigiar são mais importantes que inovações no processo de educar, as datas comemorativas são relegas ao ostracismos, pois dá trabalho, tira-nos da rotina e da ordem do planejamento pedagógico.


Ensinar a obedecer é mais relevante do que refletir, o silêncio é mais valorizado que o diálogo, a opinião é apenas figura decorativa para corroborar com o script de democracia, pois quem emite tal juízo de valor não tem validade moral para tanto, pois suas obrigações administrativas estão em descompasso com o ideal do livro de chamada ou do rco.


Acredito que escola é um espaço de esperança, de alegria, de compartilhar boas ações, de organizamos para superar nossas dificuldades, que na realidade são muitas.


A escola é um espaço que deve buscar a interação, a felicidade, que liberta da opressão e da miséria humana em todos os sentidos, inclusive da miséria intelectual.


Este texto é para todos nós, que estamos envolvidos com a arte nobre de educar e conduzir a educação do país ao grau mais alto de excelência.

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