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O Difícil Momento das Formigas.


“Os formigueiros trabalham como centro de resistência contra as usurpações do capital. Falham em alguns casos, por usar pouco inteligentemente a sua força. Mas, são deficientes, de modo geral, por se limitarem a uma luta de guerrilhas contra os efeitos do sistema existente, em lugar de ao mesmo tempo se esforçarem para mudá-lo, em lugar de empregarem suas forças organizadas como alavanca para a emancipação final da classe das formigas operárias, isto é, para a abolição definitiva do sistema de trabalho assalariado.” (Texto parafraseado da obra Karl Marx, Salário, Preço e Lucro. 1865).


Como membro do formigueiro, venho através desta expressa minha indignação e angustia diante dos ocorridos nos últimos anos.


Preciso informa, que estou desanimado de lutar contra o tamanduá e outros insetos, não por que eles são mais fortes, não porque são maiores que nós. Mas porque, eles são mais articulados, porque sabem de nossas fragilidades, porque sabem da existência dos grupos de formigas tentando ganhar o poder do formigueiro no momento de dificuldade.


Estou indignado de ver algumas coisas em nossa colônia, ouço nos discursos em nossas reuniões, que tem muitas formigas que não estão pensando como nós, que são formigas alienadas, dizem que são formigas de direita, não pensam no futuro da colônia, e só querem ter ganhos sem participar dos sacrifícios.


Precisamos entender, porque de tais formigas pensam e agem assim, diante das dificuldades e do futuro incerto.


O que mais preocupa, não são as formigas de direita, são as formigas omissas, indiferentes a todo esse processo de aniquilação da nossa colônia.


Os dirigentes do formigueiro precisam entender, que nem todas as formigas são de esquerda ou de direita em seus posicionamentos político ideológico, porém, a grande maioria das formigas são apenas operárias preocupadas com seus empregos, seus direitos e com a segurança de suas famílias.


Com esse fato, nos deparamos todos os dias em nossas reuniões quando falamos sobre os ataques dos insetos ou do tamanduá para com nossa colônia.


Precisamos, rever algumas posturas corporativistas e individuais equivocadas para o bem da nossa colônia.


Os discursos carregados de medo e a ameaça de aniquilação do nosso formigueiro, não estão mais sensibilizando as formigas operárias, precisamos nos adaptar as estratégias dos insetos, do tamanduá para sobrevivermos nestes dias tão difíceis.


A atual concepção do formigueiro só conduz a derrotas diante do tamanduá e de alguns insetos, isso fica claro e evidente, nas estratégias adotadas pelo modelo de gestão da colônia, tal afirmação é tão verdadeira, que fica visível quando observamos todos os dias, em nossas batalhas.


O interessante do modelo de gestão do formigueiro atual, é que estamos fragilizados, por equívocos, por ausência de estratégias eficientes, por falta de unidade no formigueiro e principalmente por falta de sintonia de todos no formigueiro.


Infelizmente muitas formigas, estão cansadas, e aos montes estão se ausentando de nossas lutas de proteção do formigueiro, os motivos são vários, por questões efêmeras, por questões ideológicas, por questões financeiras ou pelo simples motivo de não acreditarem mais nos discursos de nossos dirigentes.


Acreditamos que as omissões das formigas operárias diante das dificuldades, estão relacionadas, a toda carga ideológica, política, jurídica contra as formigas neste momento de fragilidade.


Algumas formigas operárias perceberam que lutar contra o tamanduá e outros insetos da mesma maneiro que temos lutado ao logo dos anos, é suicídio.


Precisamos inovar em nossas estratégias, em nossos discursos e em nossa luta para defender o formigueiro.


O que temos feito? O que nossas formigas dirigente tem feito? Sei que tem feito muito, porém de forma equivocada!


Precisamos entender qual o grau de instrução política de nossas formigas para propor novas estratégias, precisamos entender que o formigueiro é de todos, tanto das formigas da esquerda, das formigas da extrema esquerda, das formigas da direita e das formigas omissas.


O formigueiro não é de um grupo de formigas donas da verdade, que fazem de tudo para manter-se no centro das decisões do formigueiro. O formigueiro é de todos e todas, e precisamos fortalecer essa premissa nos dias de hoje.


Necessitamos urgentemente pensar nestas questões com muito afinco e responsabilidade, pois nossas conquistas e sobrevivência dependem deste tipo de leitura.


Vejo muitas formigas ostentando, quando algumas não tem trabalho, vejo discursos em prol do coletivo, mas não vejo ações solidarias para com as formigas necessitadas, vejo indiferença, vejo um silêncio fúnebre para com as formigas mais frágeis, percebo posturas egoístas diante das necessidades, vejo formigas destilando ódio ao invés de estender a mão, vejo formigas se divertindo enquanto outras trabalham, vejo formigas passando necessidades e outras formigas falando que um dia vai melhorar.


Como que tais formigas podem ter esperanças se os discursos não estão carregados de práxis e solidariedade.


Formigas, tenho recebido muitas lamurias de operárias que não estão contentes com posturas egoístas em momentos que requer solidariedade.


Muitas formigas corajosas, tem se sacrificado pelo formigueiro e nossos dirigentes tem as abandonadas pela própria sorte.


Enquanto os três grupos de formigas brigam entre si, para conquistar o poder do formigueiro, o tamanduá e os outros insetos se divertem e aniquilam nossas operárias todos os dias, diante de tamanha aberração.


Diante da disputa pelo poder, não consigo acreditar que os três grupos de formigas, esmitão preocupadas com nosso formigueiro, pois se tivessem, suas posturas seriam diferentes diante das dificuldades que estamos enfrentando.


Algumas formigas dirigentes, tem belas histórias de luta e superação pelo formigueiro, porém, estão desanimas diante das dificuldades e das posturas de algumas formigas dirigentes.


Enquanto os grupos de dirigentes do nosso formigueiro, não perceberem que o tamanduá e os insetos são os maiores favorecidos pela luta interna no formigueiro, o futuro das formigas e as conquistas alcançadas ao longo da história ficarão somente na lembrança diante de tais posturas neste momento difícil.


A luta pelo formigueiro é de todos e todas.

“NO CAMINHO COM MAIAKÓVSKI”

Na primeira noite eles se aproximam e roubam uma flor do nosso jardim. E não dizemos nada.

Na segunda noite, já não se escondem: pisam as flores, matam nosso cão, e não dizemos nada.

Até que um dia, o mais frágil deles entra sozinho em nossa casa, rouba-nos a luz, e, conhecendo nosso medo, arranca-nos a voz da garganta.

E já não podemos dizer nada.

Esse conhecido poema faz parte do longo poema “No caminho com Maiakóvski” (1968) do brasileiro Eduardo Alves da Costa.

Professor Daniel Mota, possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná- UFPR. Especializado em Ética pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná – PUC/PR, pós-graduando na UNESPAR Campus Apucarana, em Gestão de Empresas, e é funcionário da Secretária de Educação do Estado do Paraná.


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