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O incrível guerreiro Apuká "Onaicul".


Em um certo dia, ao cair da tarde, experimentei uma iguaria dos Apukas,”Aripiac Aceuqom”, uma delícia local, onde os nativos as preparam com um certo ritual e magia que levará o famigerado a emitir sons no momento da degustação. Neste dia exagerei, comi muito, mais muito mesmo! Dizia os nativos que fui possuído por uma alegria, que só os nativos bem alimentados desfrutara, diziam que emitiam uns sons peculiares sob o efeito deste prato sagrado.


Os sons eram diversos, tais como: Oh!, Ah!,Eh!,Oba!,Arre! Hummm! Segundo os silvícolas, minha pessoa estava emitindo sons que eles chamam de: “Seõçiejretni” que é uma palavra invariável no dialeto local, que formam por si sons, frases que exprimem uma emoção, uma sensação, uma ordem, um apelo ou descrevem em ruído via oral o que o sujeito está sentido.


Naquele momento não estava sob o efeito de drogas ou qualquer substância que me deixara fora da realidade, não estava possuído por algum espirito mau, meu corpo estava sob o efeito da alegria, da felicidade em saborear um prato sagrado Apuká o “Aripiac Aceuqom”.


Após este episódio glutão, fui levado pelos nativos próximos há um médico feiticeiro, um jovem guerreiro simples, de voz calma, estatura média, com uma sapiência que poucos ou somente os sábios Apukás mais antigos possuem, tal nativo atende pelo antropônimo de “Artud Onaicul”.


Este guerreiro estava caracterizado com vestimentas sagrada e brancas seguindo a tradição dos médicos feiticeiros Apukás, para eles essa vestimenta produz sobre a alma do suplicante um efeito do silêncio absoluto, silêncio de não está morto, pois transborda de possibilidades da vida, esta vestimenta ajuda o moribundo a ver no escuro da dor e do sofrimento, tal vestimenta sagrada para muitos sábios feiticeiros, indicado o caminho de volta a vida, da alegria e da saúde do moribundo junto aos seus.


O jovem médico feiticeiro “Onaicul” não falou em dádivas para que eu fosse curado, não usou palavras estranhas para se comunicar comigo diante daquela situação, não usou da escrita secreta que só médicos feiticeiros usam e os ervatários entendem, não usou do dialeto secreto que só esses sábios possuem, mais, usou palavras simples que levou-me a compreender aquele momento de sensações aguçadas.


O que surpreendeu neste jovem sábio, foi sua capacidade de “ouvir” atentamente o moribundo. Segundo os Apukás mais sábios, “ouvir é o método mais complexo” de que o médico feiticeiro possuem, segundo a crença, ouvir nos leva a percebe algumas doenças que não são expressas pelo suplicante ou pelas maquinas mágicas.


Aprendi muito com essa experiência e quero compartilhar com todos como o jovem guerreiro Onaicul desenvolve seu trabalho e luta todos os dias contra muitas enfermidades usando esse poder sagrado de ouvir, ele também usa de porções magicas para curar, usa palavras sagradas que poucos médicos feiticeiros sabem, o jovem sábio tem o poder de se comunicar com os moribundos nativos com simplicidade e magia.


A palavra sagrada é simples, dizem que foi proferida pelas divindades para ensinar os nativos a viverem harmoniosamente e cuidar uns dos outros, a palavra divina no dialeto Apuká é: “Otiepser” que traduzimos como um valor que permite que o homem possa reconhecer, aceitar, apreciar e valorizar as qualidades dos nossos semelhantes, é o reconhecimento da dignidade, da condição do silvícola e de seu valor diante dos outros nativos e do coletivo.


Essa palavra sagrada se manifesta através das ações, atitudes dos silvícolas ou por regras acordadas por todos, dizem que essa palavra mágica expressa a autoridade, poder e amor.


Os nativos acreditam que o uso do “Otiepser” fortalece os silvícolas, minimiza os conflitos e permite que todos tenham alegria, paz e tranquilidade.


Voltado ao meu processo de cura, no meio da pajelança, perguntei ao jovem curandeiro Apuká porque ele usava a “Otiepser”, e com muita tranquilidade e naturalidade disse: “sem “Otiepser”, o feiticeiro não ganha a confiança do suplicante”, os guerreiros Apukás desejam serem conhecidos como guerreiros, eles não temem a morte ou qualquer enfermidades, e não querem de maneira alguma serem tratados como suplicantes ou moribundos, apenas como nativos e guerreiros em condição de fragilidade.


O jovem médico feiticeiro, fez algumas porções magicas recomendou repouso e beber muita água sagrada do rio Óparip, disse que em alguns dias estaria melhor, também recomendou não comer em excesso o prato sagrado dos Apukás,”Aripiac Aceuqom”


Ah! Não posso esquecer de outros incríveis médicos feiticeiros como Yur Ésoj e Otuneveneb Notwen, dotados do mesmo espirito sagrado que habita o coração do jovem sábio Artud Onaicul, tais anciões possuem e praticam o “Otiepser” junto aos Apukás, que ajudar prolongar a esperança e a dignidade destes nativos fantásticos, sobre os incríveis médicos feiticeiros Yur Ésoj e Otuneveneb Notwen vamos relatar em breve.


Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.

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