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O pecado da injustiça e da violência segundo a Doutrina Social da Igreja (CDSI).


Nestas eleições percebemos muitas pessoas destilando o ódio, compartilhando ideias que não condizem com seu cotidiano, ideias essas que são verdadeiros paradoxos diante da grandeza da fé cristã e da dignidade humana.


Muitos católicos da minha comunidade que se maravilharam com as ideias do então candidato eleito o Sr. Jair Messias Bolsonaro (PSL), desconhecem um dos documentos mais clássicos da Igreja Católica, documento este, se for lido pelos eleitores Católicos do Bolsonaro, teriam vergonha de se posicionar ou até mesmo replicar nas mídias sociais as ideias que atentam contra vida e a dignidade humana. Pois o que Bolsonaro propõe é o aprofundamento do pecado da injustiça e da violência que de vários modos atravessa a sociedade e nela toma corpo em nosso país.


O documento que estamos nos referindo é o Compêndio da Doutrina Social da Igreja (CDSI), mais conhecido com Doutrina Social da Igreja, é um conjunto de orientações da Igreja Católica voltados para a dignidade humana, respeito á vida e aponta para as diretrizes das relações sociais e econômicas.


É um compêndio de várias orientações e pronunciamentos dos catedráticos da Igreja relacionados a sociedade e as implicações sociais que favorece a dignidade humana a luz da fé e doutrina da Igreja.


“A função da doutrina social é o anúncio de uma visão global do homem e da humanidade e a denúncia do pecado de injustiça e de violência que de vários modos atravessa a sociedade”.


Neste sentido, a Doutrina Social da Igreja, não foi escrito como um instrumento de ideologia, tão pouco foi extraído de doutrinas politicas seculares, mas são reflexões e orientações dos Catedráticos e teóricos da Igreja com o objetivo da construção do bem comum, da dignidade humana e principalmente ao combate do pecado da injustiça e de violência.


“A doutrina social, a Igreja se preocupa com a vida humana na sociedade, ciente de que da qualidade da experiência social, ou seja, das relações de justiça e de amor que a tecem, depende de modo decisivo a tutela e a promoção das pessoas, para as quais toda comunidade è constituída.


Efetivamente, na sociedade estão em jogo a dignidade e os direitos das pessoas e a paz nas relações entre pessoas e entre comunidades de pessoas. Bens estes que a comunidade social deve perseguir e garantir. Nesta perspectiva, a doutrina social cumpre uma função de anúncio mas também de denúncia”.


“A doutrina social comporta também um dever de denúncia, em presença do pecado: é o pecado de injustiça e de violência que de vários modos que atravessa a sociedade e nela toma corpo. Tal denúncia se faz juízo e defesa dos direitos ignorados e violados, especialmente dos direitos dos pobres, dos pequenos, dos fracos, e tanto mais se intensifica quanto mais as injustiças e as violências se estendem, envolvendo inteiras categorias de pessoas e amplas áreas geográficas do mundo, e dão lugar a questões sociais, ou seja, a opressões e desequilíbrios que conturbam as sociedades. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 81).


A doutrina social implica, outrossim responsabilidades referentes à construção, à organização e ao funcionamento da sociedade: obrigações políticas, econômicas, administrativas, vale dizer, de natureza secular, que pertencem aos fiéis leigos, não aos sacerdotes e aos religiosos. Tais responsabilidades competem aos leigos de modo peculiar, em razão da condição secular do seu estado de vida e da índole secular da sua vocação: mediante essas responsabilidades, os leigos põem em prática o ensinamento social e cumprem a sua missão secular da Igreja. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 83).


A história da Doutrina Social da Igreja vem de longa data, mas o primeiro significativo documento da CDSI, foi a Rerum Novarum de Leão XIII no final do século XIX denunciado as péssimas condição dos trabalhadores assalariados, particularmente penosa para os operários das indústrias, afligidos por uma indigna miséria.


A questão operária é tratada segundo a sua real amplitude: é explorada em todas as suas articulações sociais e políticas, para ser adequadamente e avaliada à luz dos princípios doutrinais baseados na Revelação, na lei e na moral natural. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 89).


A Rerum novarum enumera os erros que provocam o mal social, atualiza, a doutrina católica acerca do trabalho, do direito de propriedade, do princípio de colaboração contraposto à luta de classe como meio fundamental para a mudança social, sobre o direito dos fracos, sobre a dignidade dos pobres e sobre as obrigações dos ricos, sobre o aperfeiçoamento da justiça mediante a caridade, sobre o direito a ter associações profissionais. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 89).


A Doutrina Social da Igreja, recomenta a todos que Somente o reconhecimento da dignidade humana pode tornar possível o crescimento comum e pessoal de todos (cf. Tg 2, 1-9). Para favorecer um semelhante crescimento é necessário, em particular, apoiar os últimos, assegurar efetivamente condições de igual oportunidade entre homem e mulher, garantir uma objetiva igualdade entre as diversas classes sociais perante a lei.

Também nas relações entre povos e Estados, condições de eqüidade e de paridade são o pressuposto para um autêntico progresso da comunidade internacional.


E reconhece que apesar dos avanços nesta direção, não se deve esquecer de que ainda existem ainda muitas desigualdades e formas de dependência.


A uma igualdade no reconhecimento da dignidade de cada homem e de cada povo, deve corresponder a consciência de que a dignidade humana poderá ser salvaguardada e promovida somente de forma comunitária, por parte de toda a humanidade.


Somente pela ação concorde dos homens e dos povos sinceramente interessados no bem de todos os outros, é que se pode alcançar uma autêntica fraternidade universal; vice-versa, a permanência de condições de gravíssima disparidade e desigualdade empobrece a todos. (Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 145)


Os direitos humanos para a CDSI é um premissa que deve ser vista com fundamental na construção da paz e da dignidade, o movimento rumo à identificação e à proclamação dos direitos do homem é um dos mais relevantes esforços para responder de modo eficaz às exigências imprescindíveis da dignidade humana.


A Igreja entrevê em tais direitos a extraordinária ocasião que o nosso tempo oferece para que, mediante o seu afirmar-se, a dignidade humana seja mais eficazmente reconhecida e promovida universalmente como característica impressa pelo Deus Criador na Sua criatura.


O Magistério da Igreja não deixou de apreciar positivamente a Declaração Universal dos Direitos do Homem, proclamada pelas Nações Unidas em 10 de Dezembro de 1948, que João Paulo II definiu como uma pedra miliária no caminho do progresso moral da humanidade. Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 152)


A raiz dos direitos do homem, com efeito, há de ser buscada na dignidade que pertence a cada ser humano. Tal dignidade, conatural à vida humana e igual em cada pessoa, se apreende antes de tudo com a razão. O fundamento natural dos direitos se mostra ainda mais sólido se, à luz sobrenatural, se considerar que a dignidade humana, doada por Deus e depois profundamente ferida pelo pecado, foi assumida e redimida por Jesus Cristo mediante a Sua encarnação, morte e ressurreição. Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 153)


A fonte última dos direitos humanos não se situa na mera vontade dos seres humanos,na realidade do Estado, nos poderes públicos, mas no mesmo homem e em Deus seu Criador. Tais direitos são “universais, invioláveis e inalienáveis”.


Universais, porque estão presentes em todos os seres humanos, sem exceção alguma de tempo, de lugar e de sujeitos. Invioláveis, enquanto "inerentes à pessoa humana e à sua dignidade” e porque “seria vão proclamar os direitos, se simultaneamente não se envidassem todos os esforços a fim de que seja devidamente assegurado o seu respeito por parte de todos, em toda a parte e em relação a quem quer que seja”. Inalienáveis, enquanto “ninguém pode legitimamente privar destes direitos um seu semelhante, seja ele quem for, porque isso significaria violentar a sua natureza”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 153)


Os direitos do homem hão de ser tutelados não só cada um singularmente, mas no seu conjunto: uma proteção parcial traduzir-se-ia em uma espécie de não reconhecimento. Eles correspondem às exigências da dignidade humana e comportam, em primeiro lugar, a satisfação das necessidades essenciais da pessoa, em campo espiritual e material: “tais direitos tocam todas as fases da vida e todo o contexto político, social, econômico ou cultural. Formam um conjunto unitário, visando resolutamente a promoção do bem, em todos os seus aspectos, da pessoa e da sociedade.


A promoção integral de todas as categorias dos direitos humanos é a "verdadeira garantia do pleno respeito de cada um deles”.


Universalidade e indivisibilidade são os traços distintivos dos direitos humanos: “são dois princípios orientadores que postulam a exigência de radicar os direitos humanos nas diversas culturas e aprofundar a sua delineação jurídica para lhes assegurar o pleno respeito”. Compêndio da Doutrina Social da Igreja – CDSI –, 154).


Como podemos ver, a Doutrina Social da Igreja é um documento que orienta para uma justiça social em prol do bem comum, da dignidade humana, e homologa a “Declaração Universal dos Direitos Humanos”, a CDSI não sustenta a ideia de "bandido bom é bandido morte", ela não foi escrita para fundamentar a exclusão de nossos semelhantes, para exploração social, não orienta para o ódio, para avareza, para a segregação e tão pouco para o assassinato de seus opositores, como sugere e sugeriu o presidente eleito Jair Bolsonaro.


A doutrina social vem para orientar os cristãos católicos a uma vida de paz, de solidariedade, amor, compaixão a luz do evangelho.


Então, recomendamos uma boa leitura sobre o Compêndio da Doutrina Social da Igreja, para que vocês percebam para onde estamos levando o Brasil na gestão do presidente eleito.


Reflita e leia, pois acreditamos que o governo do Bolsonaro será feito para os ricos e para poucos.

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Fonte:

- Imagem - Daniel Mota


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