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Airamana e Atomoaoj minha família Apuká


Quando você é aceito entre os Apukás, você não é mais um entre eles, você se torna uma membro muito importante da família, onde todos esperam de você algumas virtudes, sem as quais você nem chegaria aos arredores da aldeia.


Essas virtudes são imprescindível para manter-se com um membro dos Apukás com todos os direitos e deveres como manda as tradições.


As virtudes que norteiam a vida dos Apukás, vão te colocar em um patamar de relacionamento baseados na confiança, honra, dignidade, honestidade, simplicidade, altruísmo, respeito e valentia. Sem essas virtudes que são cultivadas nos rituais, nas cerimônias religiosas, nas cerimônias culturais e nos ritos de passagem, o silvícola entraria em um processo de ostracismo e em muitos casos será sacrificado em um ritual de desonra, onde toda a família sofre a vergonha por muitos anos.


Por isso entre nós, é muito importante o diálogo e educação dos filhos, a educação dos filhos uma tarefa primordial dos pais, porém, a educação é um processo de aprendizagem mutuo onde todos os membros da família tem a responsabilidade e o dever de cuidar e educar os mais jovens, bem como cuidar de todos em uma forma geral. Pois se um membro da família comete algum deslize moral ou algum crime, todos os membros da família são responsáveis e responsabilizados diretamente pelo delito. Por tal motivo é necessário cuidar uns dos outros.


Acreditamos que essa é uma das virtudes dos Apukás que mais me fascina, pois há uma cumplicidade, um amor, um respeito para com os mais frágeis, para com os mais fortes e habilidosos na estrutura familiar.


Entre os Apukás, fui recebido por pessoas maravilhosas, entre elas uma família cuja a bondade, a simplicidade, o respeito e a religiosidade eram muito nítidos em seu dia-a-dia.


Nesta família encontrei uma jovem guerreira que atendia pelo singelo nome de “Airamana”, bela como a mais linda flor da floresta, forte como uma aroeira, perigosa como um exame de vespas e doce como o mais puro mel de jatai.


Essa jovem bela era filha do ancião “Onamso” um guerreiro forte, destemido, corajoso e muito respeitado entre os Apukás, a progenitora desta bela guerreira não estava distante dos adjetivos da família, era mulher corajosa, com uma sensibilidade acima da média dos silvícolas, cuidava da família com um carinho e amor, que suas outras filhas, uma mais bela que a outra eram cortejadas pelos vários guerreiros Apukás.


A mãe desta linda, guerreira era conhecida como “Ahnizeret”, onde tive a sorte e o privilegio conhecer em minha jornada entre os Apukás.


Sobre “Airamana” posso dizer que é a guerreira mais bela que já vi em toda minha vida, ensinou-me como se viver entre os Apukás, mostrou-me os desafios, os benefícios, bem como a luta que todos os guerreiros Apukás enfrentam todos os dias na aldeia.


Airamana é uma Apuká, discreta, habilidosas com as palavras, um olhar doce e que pode mudar como o vento frio na floresta.


Uma guerreira no qual fiquei encantado desde o primeiro dia que há vi. Sua personalidade é diferente de todas as guerreiras da tribo, possui um caráter forte, dona de sí, dona do seu destino.


Essa bela guerreira Apuká possuí uma nobreza de espírito, uma generosidade ímpar, uma sabedoria acompanhada de valentia, que repelia qualquer guerreiro Apuká que se atreviam a corteja-la.


Uma guerreira considerada filha da lua, com a pele branca e seus cabelos castanhos e lisos, com lábios volumosos, e olhos amendoados e com o canto externo levemente elevado feitos sob medida pelas divindades dos Apukás.


Após muitas luas e batalhas tive a doce ilusão que conquistei o coração desta jovem guerreira, mas, com o tempo percebi que foi ela quem me arrebatou para seus braços e seu amor.


E hoje, Eu e Airamana formamos nossa família! Deste amor veio um lindo curumim Apuká que todos na aldeia chamam de “Atomoaoj” quem em Apuká significa: filho do amor.


Atomoaoj está com 364 luas e tem habilidades incríveis, um curumim generoso, carinhoso, comunicativo e muito criativo.


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Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.


-Imagem: Giulio Ferrario, ca. 1821

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