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O ritual de passagem dos Apukás


Hoje fazem 572 luas que estou vivendo entre os Apukás. Neste período, aprendi coisas que jamais aprenderia em meu local de origem, coisas simples que estão transformando minha vida e meus hábitos para evoluir nesta jornada junto aos Apukás.


Nesta estada, percebi que os Apukás vão integrar o sujeito na medida em que o mesmo incorpore as tradições, os costumes, a religiosidade bem como seu espirito de guerreiro.


O interessante que neste estado de apropriação gentílica que é impossível trocar a minha ascendência, mas é possível tonar-se um Apuká conforme algumas prerrogativas. Diante disso, acreditamos que “não dá para mudar o começo, mas dá para mudar o final”.


Ao longo destas luas, o que me fez tornar um Apuká, foram algumas particularidades que aos poucos fui percebendo durante esta jornada e acreditamos na ideia que para ser um Apuká, você não precisa ter nascido entre eles, mas é necessário e imprescindível que você incorpore todos os costumes, crença, hábitos culturais e o mais importante que você seja aceito socialmente bem como, comunitariamente por todos os Apukás.


É preciso e necessário se perceber ou até mesmo se reconhecer como parte do grupo social e ter a prerrogativa de ser aceito como um semelhante por esses silvícolas, assim você se torna um guerreiro Apuká.


É fundamental incorporar as tradições, as crenças e os hábitos deste grupo, é primordial você despir-se de suas antigas tradições, de seus valores culturais, de seus preconceitos, de sua religião e de qualquer coisa que o ligue na vida pregressa que impeça você de seguir a sua jornada entre estes silvícolas.


Além de incorporar uma série de valores, você terá que desenvolver em sua vida o ato da partilha para com sua nova família, é obrigatório você partilhar a sua vida, as dificuldades, as comemorações, os alimentos e o trabalho para que seja aceito como um Apuká.


Lembrando, que isso não é tão simples, pois não depende só de você, mas de todos que estão em sua volta, bem como aqueles que estão te conduzido para o ritual de passagem para tonar-se um Apuká.


Sobre o ritual de passagem dos Apukás não vamos compartilhar, pois é algo íntimo pertencente somente aos Apukás. Entre nós temos uma expressão que diz: “Apukás so moc acif, Apukás sod é euq o”.


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Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.

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