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A LENDA DO RIO BIGUAÇU DOS APUKÁS


Há muito tempo, nos tempos antigos dos Apukás, existia um rio mágico chamado Biguaçu. Este rio fluía serenamente pela floresta, trazendo vida e vitalidade a todos os seres que habitavam suas margens. Suas águas eram límpidas como o cristal, refletindo o brilho do sol e das estrelas.


Dizem os mais velhos que o rio Biguaçu era protegido por um espírito guardião, conhecido como Inam, cujo coração era tão puro quanto as águas que corriam por ali. Inam era um ser divino, um elo entre os Apukás e a natureza, sempre atento ao equilíbrio entre o mundo humano e o mundo natural.


Certa vez, uma grande seca assolou a região dos Apukás. Os rios começaram a secar, as plantas murcharam e os animais perderam a vitalidade. O desespero tomou conta da tribo, pois a vida dependia das águas do rio Biguaçu.


Inam, vendo o sofrimento dos Apukás, decidiu agir. Em uma noite de lua cheia, ele emergiu das profundezas do rio em forma de um majestoso peixe dourado. Sua presença irradiava energia e esperança, iluminando a escuridão que cercava a tribo.


Os Apukás, maravilhados, se reuniram às margens do rio Biguaçu para testemunhar o milagre que estava prestes a acontecer. Inam convocou os espíritos da chuva e das águas, e então mergulhou nas águas do rio. A cada mergulho, as gotas de água que saltavam de seu corpo caíam sobre a terra, transformando-se em gotas de chuva.


A chuva caiu suavemente sobre a terra sedenta, revivendo as plantas, enriquecendo os rios e trazendo alívio aos corações dos Apukás. Inam, com sua força e devoção, trouxe a vida de volta à região.


A partir desse dia, os Apukás passaram a reverenciar o rio Biguaçu e o espírito guardião Inam. Eles aprenderam a importância da harmonia entre a natureza e os seres humanos, cuidando das águas e da terra como presentes sagrados. A lenda do Rio Biguaçu e a intervenção de Inam tornaram-se um lembrete eterno da conexão profunda entre os Apukás e a natureza que os cercava.


E assim, o rio Biguaçu continuou a fluir, não apenas como um curso d'água, mas como uma lembrança viva do poder da esperança, da união e da relação harmoniosa entre o povo Apuká e o mundo ao seu redor.

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Texto inspirado na obra de Horace Miner In: A.K. Rooney e P.L. de Vore (orgs) You and the others: Readings in Introductory Anthropology (Cambridge, Erlich) 1976, “Ritos corporais entre os Nacirema”.

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