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Chegada à Casa Nova: Entre Sentimentos Efêmeros e Desafios Inesperados

Então, depois de vários minutos que pareciam uma eternidade, conseguimos quatro táxis para nos levar, a nós e nossas coisas, para a casa nova. Era uma manhã linda de janeiro de 1977, um pouco fria, céu azul, tempo normal para Curitiba. Percebi que o sentimento de tristeza que assolou aqueles corações simples e ingênuos na rodoviária de Curitiba mudou novamente para uma felicidade efêmera, pois duraria pouco tempo.


Chegando no endereço, paramos na frente da nossa casa nova. Por um instante, sem sair dos táxis, ficamos lá parados. Eu coloquei meu queixo na janela do táxi, observando a casa nova, um lar. Mas, como havia dito, estávamos experimentando uma felicidade efêmera, e no mesmo instante, meu tio, meu pai e minha mãe saíram do táxi e foram falar com o proprietário da casa. Não sei o que falaram; só percebi a expressão no rosto da minha mãe, uma tristeza profunda, um sentimento que pulsou no coração de todos, e em poucos segundos sentimos uma angústia reverberar da minha mãe para o meu tio, atingir meu pai e chegar em nossos corações em uma fração de segundos.


Voltaram, entraram nos táxis com um sentimento de decepção e tristeza profunda que dominou todos por um instante. Meu irmão mais velho perguntou para minha mãe o que havia acontecido. Ela, com a voz trêmula e triste, disse: o proprietário desistiu de alugar a casa. Minha irmã perguntou: por quê? Ela respondeu: muita gente.


Naquele momento, meu tio teve uma ideia. Nos levou para um pequeno hotel e, como nosso dinheiro já estava curto e o proprietário se recusou a devolver o dinheiro, não sobrou outra opção senão morar no porão na casa de um conhecido dele, uma família simples, generosa, de uma bondade ímpar.


Nos acomodamos naquele pequeno porão, sem divisória nenhuma, um porão de 18m² para dois adultos, seis adolescentes e duas crianças.


Passando alguns dias, lembro-me de uma pergunta que fiz para minha mãe: Por que as pessoas não nos queriam aqui? Ela, singelamente, respondeu com os olhos marejados, "eles não nos conhecem e não têm amor pelo próximo".

 

Continua...


Prof. Daniel Mota


*Esse texto que faz parte de uma coletânea sobre o racismo e as experiências racistas que nos deparamos ao longo de nossa existência.

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Prof. Daniel Mota, possui graduação em Filosofia pela Universidade Federal do Paraná (1996). Especialização em Filosofia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC/PR) Campus Curitiba. Pós-graduando na UNESPAR - Universidade Estadual do Paraná, Campus de Apucarana FECEA-PR. Professor com 30 anos de experiência na área da educação, em sala de aula com desenvolvimento de projetos educacionais nas áreas de Filosofia, História e Sociologia bem como consultoria educacional e financeira. Trabalhou por 25 anos no mercado financeiro, é funcionário da rede pública de ensino do Estado do Paraná, proprietário, editor do site Os Argonautas Mídia Alternativa, fundador e proprietário do projeto pela democratização da leitura, Sebo Apucarana.


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