Distribuição de Aulas na Dinamarca
Em minha estada na Dinamarca passei por um dos momentos mais tristes como Professor, período este, durante a distribuição de aula. A tristeza não foi pela concorrência, mas pelo descaso de muitos, pela falta de empatia de alguns e pela desonestidade de poucos, que estão lá para organizar o processo e fazerem com muita lisura, mas, infelizmente não fazem.
Eles poderiam tratar-nos com dignidade, respeito e acolhimento. Mas não, sabem porquê? Porque os dinamarqueses perderam a humanidade, perderam a dignidade e estão embebecidos de soberba, arrogância com requintes de crueldade e mesquinharias.
Eles desconhecem o real papel da função, escondem aulas, destratam colegas, em muitas vezes com o tom de voz tão agressivo na chamada para distribuição, que fico com vergonha de ser professor. É muito triste ver colegas fragilizados, serem tratados com tamanha crueldade. Nas distribuições por lá, observei os olhares, as mãos tremulas, as tristezas e as angústias nos rostos dos mais frágeis. Pois, são pais e mães de família que precisam das aulas, pois não tem as quarenta horas-aulas e a grande maioria não são concursados.
O tratamento para os professores lá, muitas vezes é desumano e covarde, pois os tratam como seres desprezíveis, não como professores, como mestres ou seres humanos.
Os protagonistas deste dantesco espetáculo, fazem orações em suas escolas, mandam bilhetinhos, presentinhos, fazem caridade e posam de bons colegas. Mas, ao fechar os olhos e curva a cabeça para as orações nas referidas escolas dinamarquesas, eles simulam que não tem aulas, que não fechou turma, dizem que não podem mexer no horário e ainda dizem para quem estava esperando as aulas no painel de distribuição: “que Deus vai prover aulas, que no final tudo dará certo”. Passando aquele teatrinho macabro, aí você vê, os parentes, amigos, colegas, padres e afins com aulas que não apareciam no painel de distribuição nas escolas dinamarquesas.
Esses, dinamarqueses são pessoas maravilhosas, para os seus conhecidos, para os seus colegas, compadres, para os padres e seus parentes que vão de sobrinhos até irmãos. Pessoal, isso tudo não estou inventando ou fantasiando, é a mais pura realidade que os professores passam nas escolas da Dinamarca.
Não quero ser injusto neste singelo texto com os dinamarqueses, mas, tem alguns que nos acolhem, nos respeitam com tanta dignidade que chega, ser um balsamo naquele ambiente triste e dissimulado. Esclareço que essas almas bondosas são minorias, mas estão lá, pois sabem o que é ser professor, professora, mãe e pai de família que precisam das aulas para sobreviver no ano seguinte.
O mais forte, cuida do mais frágil.
Prof. Daniel Mota
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